Desde que há registros do Homem na História, há relatos referentes ao preconceito, independente do tipo seja de cor, raça, credo, beleza ou gênero, ou seja, desde os primórdios julgamos as pessoas conforme um determinado padrão que foi imposto à sociedade. No caso da obesidade esse padrão é o da beleza, onde uma determinada camada da sociedade julgou que somente são bonitas e perfeitas as pessoas que são extremamente magras, nesse caso o obeso é considerado uma aberração. Atualmente, mesmo havendo penas legais sobre o assunto, a temática continua polêmica e está, também, no meio empresarial, pois como que uma pessoa que está acima do peso vai conseguir um emprego, principalmente no atendimento ao público, se eles valorizam a estética do candidato e o obeso está muito fora dos padrões.
De acordo com dados do IBGE 10,5 milhões de brasileiros com 20 anos ou mais são obesos, ou seja, 8,9% da população masculina e 13,1% das mulheres. Se considerada também a população que está acima do peso ideal, o número salta para 40,6% (quase 39 milhões de pessoas). Ao confrontar esses dados com a situação nas empresas, chega-se a seguinte conclusão, não é fácil para o obeso conseguir emprego, pois para sociedade as pessoas que estão acima do peso não são qualificadas “afinal, quem não cuida de si mesmo não cuidará a contento dos negócios de uma empresa”, algumas pessoas ainda alegam que obesos deveriam ganhar menos, já que a probabilidade de eles serem preguiçosos, lentos, improdutivos e suscetíveis a afastamentos por motivos de saúde, o que mostra o quão preconceituosas está sendo.
O preconceito é considerado altamente estressante, com isso há o aumento da pressão sanguínea, no caso dos obesos esse problema é ainda maior, uma vez que eles estão mais propensos a terem hipertensão. Quando precisam ir ao médico a situação piora, pois quanto maior o peso do paciente, menor é o respeito que o médico mostra por ele, fazendo com que a pessoa passe menos tempo em companhia do médico, assim sendo o obeso evita sair de casa e principalmente ir ao médico. Por isso, o obeso sente que a sociedade de modo geral, quando não o ignora o agride, e o pior não há qualquer proteção legal que defenda essas pessoas das humilhações que vivem nas ruas diariamente. Principalmente por que a sociedade de maneira geral acha que a obesidade é uma opção e que o obeso devia fazer dietas, ir à spas, enfim, entretanto muitas vezes não é tão simples assim, pois a obesidade envolve vários fatores psicológicos, genéticos e ambientais que impedem o seu emagrecimento, mesmo assim, a sociedade simplesmente ignora as evidências e faz os seus julgamentos movidos pela ignorância.
É como se o obeso tivesse apenas duas opções: emagrecer ou se matar, pelo menos é como a mídia e a sociedade aborda essa questão. Em uma reportagem sobre a cirurgia bariátrica (diminuição do estômago), a apresentadora do programa Fantástico, da Rede Globo, levanta o tema com a seguinte frase: “O que fazer quando todas as dietas falharam?”, ou seja, eles partem do pressuposto de que nenhum obeso pode ser feliz. Devido a essa influência da mídia inúmeros casos podem ser encontrados de preconceito contra a pessoa acima do peso, onde cada vez mais é fomentada a ideia de padrão do peso ideal e os programas de comédia se aproveitam disso humilhando ainda mais quem se encontra nessa situação. Todos sabem que a obesidade mata que é um problema de saúde pública, mas ficar humilhando essas pessoas não ajuda muito pelo contrário faz com que essa pessoa evite sair de casa, ir ao médico, ou fazer qualquer atividade que possa sentir-se constrangida.
Atualmente, a legislação federal trata do assunto no Decreto nº 5.296/04, que regulamenta duas Leis sobre acessibilidade a “pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida”. Os obesos são citados no parágrafo 1º do Art. 23, que define a obrigatoriedade de assentos especiais em teatros, cinemas, estádios, casas de espetáculos, etc. Na parte do Decreto referente aos transportes coletivos, no Art. 35, fala-se sobre assentos especiais para pessoas com mobilidade reduzida, mas sem especificar a inclusão dos obesos (o que não significa que não sejam contemplados, mas dá margem a interpretação contrária). Apesar de essa lei ser um avanço nos direitos da pessoa obesa, ela não atende toda a necessidade dessas pessoas, além de que muitos locais nem cumprem o básico dessa lei, o que dificulta ainda mais a vida do obeso.
Esse desrespeito a pessoa acima do peso e da lei pode ser visto no programa a liga apresentado no dia 5 de março de 2011, os videos do programa podem ser encontrados no youtube, sendo que estão divididos em 6 capítulos. Onde esse programa demostra todas as dificuldades encontradas por uma pessoa obesa nas tarefas mais simples, essa reportagem merece ser acompanhada para compreender toda a dificuldade de estar acima do peso. Esses videos podem ser visualizados em:
http://www.youtube.com/results?search_query=a+liga+obesidade&page=1
http://www.youtube.com/results?search_query=a+liga+obesidade&page=1
Filmes sobre Obesidade:
Super Size Me, a Dieta do Palhaço (o diretor Morgan Spurlock decide ser cobaia de um experimento. alimentar-se apenas nas lanchonetes McDonald's durante um mês. durante o período da experiência, o diretor fala da cultura do fast food e mostra os efeitos físicos e psicológicos desta alimentação. um ótimo documentário, sucesso de público e crítica)
O Professor Aloprado (Eddie Murphy é um cientista obeso, que descobre uma fórmula que o transforma num homem magro e sedutor, mas o problema é que o efeito dura pouco, o que o coloca em grandes enrascadas. refilmagem de uma comédia de Jerry Lewis, que insere a cultura do corpo perfeito como entrave, bem mais adequado aos padrões de nossa época)
Preciosa (uma garota obesa, filha de uma mulher violenta e igualmente obesa, se imagina magra e loira, dentro dos padrões de beleza. o filme além de denunciar a pobreza, o assistencialismo e o analfabetismo funcional de uma geração de americanos, ainda toca na ferida da obesidade que prolifera e exclui socialmente)
O Sentido da Vida (um dos segmentos mais hilários e aflitivos do ótimo filme do grupo Monty Python é o de um homem rico e extremamente gordo, que chega a um restaurante e come tudo o que pode, até explodir. afinal, comer é um dos sentidos da vida)
Wall-E (a humanidade esgotou a vida no planeta e tem que se mudar para colônias espaciais, esquecendo um robô sozinho. quando voltam para examinar a Terra, ficamos conhecendo uma estação espacial, onde todos os humanos são ociosos e obesos, passam o dia comendo, sem ter nenhuma atividade, pois os robôs fazem tudo por eles. um futuro bastante provável)
O Amor é Cego (Jack Black é um cara superficial, que procura mulheres apenas pelos atributos físicos. até que ele é hipnotizado por um guru de auto-ajuda, para que passe a ver a beleza interior das pessoas. sem saber que está sob efeito da hipnose, ele apaixona-se por uma mulher muito obesa - Gwyneth Paltrow -, mas que ele enxerga como uma deusa. alertado por um amigo, ele terá que decidir se fica ou não com ela. nada correto politicamente)
The Hanging Garden (um rapaz volta para a casa da família para o casamento da irmã e enfrenta os fantasmas do seu passado. quando saiu de casa, havia tentado o suicídio, enforcando-se numa árvore, que quebrou com seu peso, pois ele era gordo e infeliz, anos depois está transformado, magro, bonito e gay)
Paixão Muda - Heavy (um simplório cozinheiro é complexado, por ser gordo e reprimido pela mãe. até que se apaixona por uma linda garçonete, a quem não se declara, mas sua amizade vai ajudar os dois a superarem seus problemas. bonitinho)
O Gorducho (Dom DeLuise é um gordo assumido até que fica sabendo da morte de um primo igualmente gordo e, com medo, decide começar todo tipo de regime, mas nada dá certo, porque o que ele gosta mesmo é de comer. única experiência de Anne Bancroft na direção, resultou num desastre)
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Curiosidade: A evolusão do padrão da beleza feminina
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