O educador social
Williene Melchior Gama Princepe
Os atendimentos realizados às crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade social no Brasil, a partir da década de 90, são garantidos por instituições de Educação não formal e organizações não governamentais que atendem crianças no horário extra-escolar com a finalidade de complementar as instituições da Educação formal.
As instituições não formais são constituídas com a participação do educador social que atua como mediador educacional, estes que são responsáveis por atender e possibilitar atividades esportivas, culturais e artísticas.
Segundo Natali (2009, p. 2.606), “No cenário do atendimento às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social se destaca a figura do educador social que assume um importante papel nestas instituições”.
Podemos ressaltar que as funções dos educadores sociais são pouco estudadas, para tanto, pretendemos fazer uma reflexão sobre sua prática educativa para melhor compreendê-los.
A autora, refletindo sobre a função do educador, relata que,
Compreendemos que a formação do educador social precisa ser ampla, no sentido de que deve abranger o conhecimento específico de sua área de formação, o conhecimento da trajetória das políticas sobre a infância e a adolescência, e uma formação política. Partindo da definição de que a formação do educador social de rua precisa ser comprometida com a luta das classes populares, assumimos que o foco da formação do educador social não pode estar desvinculado desse compromisso. (NATALI, 2009, p. 2.606)
Para tanto, apesar das dificuldades de especificar as funções dos educadores sociais, Graciani (2005, p. 29) reflete sobre o papel do educador definindo-o como: “um agente, intelectual orgânico, comprometido com a luta das camadas populares, que elabora junto com os movimentos um saber militante, captado na vida emergente dos marginalizados urbanos de rua”, ou seja, o educador social extrapola o papel de mediador do conhecimento e atua junto à população nas suas reivindicações.
Desta forma, o educador social tem um papel fundamental para a sociedade, contribuindo por meio de projetos, ações que manifestam solidariedade, agindo diretamente na autoestima das pessoas, estimulando-as a buscarem outras alternativas em suas vidas pessoais e profissionais, de modo a saírem das condições de dominação.
Contudo, segundo Araújo (2006, p.02), nem todos os educadores sociais estão capacitados para oferecer uma educação que promova mudanças na vida das pessoas. Isso se deve ao fato de os cursos de Pedagogia, em especial, não oferecerem uma formação adequada neste caso, privilegiando apenas a Educação Infantil e a Educação Fundamental. Diante disso, Moura e Zuchetti (2006, p. 232) ressaltam que,
(...) as práticas de educação não escolar também têm sido, cada vez mais, exercidas via estágios, concorrendo para que se torne uma ação ainda mais desqualificada, na medida em que a formação acadêmica oferecida, geralmente, tende a estar prioritariamente mais voltada para o contexto escolar do que os espaços não escolares. Desse modo, a formação específica desse (a) educador (a), quando existe, constitui-se em “formação em serviço”, coordenada por diferentes profissionais, com distintas visões de mundo e de sociedade, com suporte teórico de diferentes matizes, o que fragmenta ainda mais a possibilidade de uma prática efetiva de “mudança social” ou, na melhor das hipóteses, esta multidisciplinaridade pode contribuir na sistematização de um trabalho que busca aproximação com uma visão mais integral dos sujeitos e do ambiente.
A Educação não formal constrói diretrizes educacionais para atingir objetivos sociais com toda sociedade, esta que veio para suprir as lacunas deixadas pela Educação formal, contribuindo para que sejam formados sujeitos de direito, bem como cidadãos críticos e participativos.
Araújo (2006, p. 02) propõe algumas ações para atingirmos alguns objetivos sociais são eles:
· Formar e conscientizar o aluno adolescente, de acordo com a sua cronologia e as reações psicológicas próprias de suas realidades sociais, culturais; de sua idade e contemporaneidade;
· Transformar a educação do jovem numa educação voltada ao exercício da exigência de seus direitos; da cidadania e dos valores humanos por meio da cultura do cuidar, enquanto ser social político, que não conseguiu cumprir sua escolaridade e por isto sente-se excluído socialmente e do sistema organizacional vigente na educação e na sociedade.
· Conduzir o jovem a ser líder, militante humanista e participante das causas sociais estabelecendo relações saudáveis com seus grupos comunitários, de forma a ser respeitado como cidadão integrante de sua e de outras questões sociais e assim resgatar sua autoestima.
Diante disso, para que essas ações sejam eficazes, as instituições não formais devem se unir com a escola formal e aos professores para que, intervenções sejam realizadas com os jovens a fim de incentivá-los a participarem de ações sociais.
Para isto, os professores devem ser preparados a atuarem com relação a estes jovens de forma a entender as causas que os levam a agirem ou não de determinadas maneiras em seus grupos, levantando propostas de estudos e trabalhos. (ARAÚJO, 2006 p. 03)
O professor, com suas ações, também poderá atuar como educador social servindo como modelo para a comunidade escolar, demonstrando com exemplos de honestidade, solidariedade, participação, justiça social e cuidado, os resultados realizáveis com suas funções. (ARAÚJO, 2006)
Araújo (2006, p. 04) ainda ressalva que,
(...) não podemos perder de vista, que o professor em sua prática escolar deve trabalhar a conjuntura brasileira e analisá-la para buscar as justificativas das atitudes de seu próprio povo, deve conhecer as políticas sociais implantadas, a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente e realizar um trabalho de reflexão do fenômeno educativo atual. Isto deve gerar uma discussão sobre os fundamentos essenciais para a prática de um educador social, será também um instrumento para o exercício da profissão. Problematizar a formação pessoal e assumir o compromisso com o desenvolvimento pleno do educando é assim a maior proposta de um professor para enfrentar os desafios do século XXI e transformar as realidades negativas que já estão postas.
Araújo ainda finaliza dizendo que “o professor, como educador social deve atualizar seus conhecimentos formais e teóricos continuadamente e desenvolver novas formas de ensinar”. Desta forma, todos serão transformadores de uma nova sociedade.
Este é efetivamente o meio mais correto de propiciar a toda sociedade uma educação definitivamente de qualidade, com a junção dos educadores de escolas formais, com educadores de escolas não formais, porém como já sabemos ainda nas instituições o que se é priorizado é a formação de professores aptos a dar aulas em instituições formais.
Referências:
ARAUJO, I.O.B. A função da Educação social e a intervenção sócio comunitária a partir da formação do professor. An. 1 Congr. Intern. Pedagogia social, Mar. 2006. Disponível em: http://www.proceedings.scielo.br
GRACIANI, Maria Estela Santos. Pedagogia Social de Rua: Análise e Sistematização de Uma Experiência Vivida. 5º ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2005
MOURA, E.; ZUCHETTI, D. T. Explorando outros cenários: educação não escolar e Pedagogia social. Educação Unisinos p. 228-236, setembro/dezembro 2006. Disponível em: http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/images/stories/pdfs_educacao/vol10n3/art07_moura.pdf.
NATALI, Paula Marçal. Educadores sociais em instituições de educação não forma: análise das relações com as classes populares. Outubro de 2009. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2642_1317.pdf
boa tarde muito bom ,abraços .
ResponderExcluirboa tarde muito bom ,abraços .
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